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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

O LIVRO KAMA SUTRA DE VATSYAYANA

O LIVRO KAMA SUTRA DE VATSYAYANA


"O homem, cujo período de vida é de cem anos, deve praticar Dharma, Artha e Kama em diferentes momentos e de tal modo que eles se harmonizem entre si sem atritos. Deve adquirir conhecimento na infância; na juventude e na idade madura, ocupar-se de Artha e de Kama e, na velhice, dedicar-se a Dharma, buscando com isso a conquista de Moksha, isto é, libertar-se de novas transmigrações. Ou então, dada a incerteza da vida, poderá praticá-los nas épocas indicadas."


Dharma era a virtude religiosa, Artha se referia aos bens mundanos e o Kama ao prazer sensual. Os prazeres sensuais deviam ser experimentados mas sem que o indivíduo se tornasse escravo de suas paixões. 

"Kama é o gozo do que for tangido pelos cinco sentidos - audição, tato, visão, paladar e olfato - com a ajuda da mente e da alma. A sua essência é um contato peculiar do órgão sensório com seu objeto, sendo a consciência do prazer resultante desse contato chamada Kama."

A censura à busca dos prazeres sensuais, para Vatsyayana, não se sustenta pois "sendo os prazeres tão necessários à existência e ao bem-estar do corpo quanto os alimentos, são por conseguinte igualmente legítimos". 

"O Kama Sutra, e as artes e ciências a ele subordinadas, bem como as artes e ciências contidas em Dharma e Artha, devem ser estudadas". 

Dentre as artes que deviam ser estudadas junto com o Kama Sutra estavam o canto, a arte de tocar instrumentos musicais, a união entre dança, canto e música instrumental, a tatuagem, a escrita, o desenho, a pintura, a decoração, a arte de representar, a arte de preparar perfumes e essências, a arte culinária e muitas outras. 

O Kama Sutra não é um livro de posições sexuais; ele é um tratado baseado nos preceitos religiosos da antiga Índia. Por isso, deve ser lido de maneira crítica e deve ser captada a sua essência, aquilo que persiste do espírito dessa obra e não deve nem ser tratado como um manual nem como uma leitura em que se destaca dele aquilo que se bem entende. Deve-se compreender o que essa obra traz de significativo para nos repensarmos nesse mundo de produtividade, desempenho, consumismo, imediatismo, hedonismo, individualismo e que se vive uma vida ditada pelo tempo da máquina, não só trabalho, mas também no nosso tempo livre e até mesmo no nosso lazer e no nosso prazer. Os aspectos religiosos da obra podem ser assimilados ou não pelo leitor, segundo bem entender, mas a perspectiva filosófica mais profunda, a visão sobre o prazer, o sexo, o amor, os relacionamentos e a vida plena, deve ser observada. 



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