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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

POR QUE APRENDER HISTÓRIA?



Dizia o historiador Marc Bloch: “O passado é, por definição, um dado que coisa alguma pode modificar. Mas o conhecimento do passado é coisa em progresso, que ininterruptamente se transforma e se aperfeiçoa”. Novos métodos de estudo, novas descobertas e novas interpretações estão sempre nos esclarecendo melhor sobre o passado e até reescrevendo o passado até então conhecido. Não podemos projetar no passado aquilo que nele não existiu, mas podemos sempre rever a forma como o nosso passado, a nossa memória e a nossa identidade enquanto povo, sociedade ou classe social são pensados.
Marc Bloch dizia ainda que “os exploradores do passado não são homens absolutamente livres. É seu tirano o passado, que só lhes consente saberem de si o que ele próprio, propositalmente ou não, lhes confiou”. O passado das várias civilizações que existiram na história da humanidade é cheio de lacunas. A História é como um quebra-cabeças com peças faltando. Por isso que apesar de ser uma ciência e que qualquer afirmação sobre a história dos homens deva ser fruto de investigação, comparação, pesquisa, reflexão, é impossível negar que uma boa dose de imaginação é necessária para penetrar no conhecimento do passado para compreender o nosso presente, que é o resultado desse passado. Temos que pensar o que pode ter acontecido, comparar com processos semelhantes que sejam melhor conhecidos e pensar as possibilidades de futuro que existiram no passado.
Diz um provérbio árabe: “Os homens parecem-se mais com o seu tempo que com os seus pais”. A cada geração, a forma de ver o mundo e de agir sobre ele se modificam e a visão que se tem do passado, as questões que chamam mais a nossa atenção e os julgamentos que fazemos a respeito das escolhas e das ações dos homens e mulheres que viveram antes de nós também. E essa também é uma razão para que o conhecimento histórico esteja sempre mudando. Compartilhamos com outras pessoas que nasceram e cresceram na mesma época que nós experiências, somos parte de uma experiência coletiva que marca o caráter da nossa geração. O nosso gosto musical, o que gostamos de fazer nas nossas horas de lazer e até os nossos projetos de vida dependem do contexto social e histórico em que vivemos e isso influencia também a forma como vemos o passado e o que esperamos do futuro.
Mas somos parte de uma jornada humana que começou muito antes de nós. Não brotamos como que por mágica da terra com o sentido de unicamente comprar o que é produzido e oferecido para nós nas propagandas que vemos na televisão, nos vários anúncios na internet e nos outdoors. Somos filhos, netos, bisnetos, somos parte de uma tradição familiar, política, religiosa. Os que vieram antes de nós foram parte de igrejas, partidos políticos, escolas de samba, sindicatos, associações de moradores ou de qualquer outra instituição, comunidade ou grupo social. E nós somos parte de seu legado. Nós herdamos o que os seres humanos do passado sonharam, criaram, construíram ou destruíram. Nós somos parte de uma história que nos atravessa, que começa antes do nosso nascimento e se estende até depois de nossa morte. Conhecer o presente e o passado das sociedades humanas e da nossa sociedade em especial é também um exercício de autoconhecimento.
Por tudo isso aprender História é fundamental. A História é uma ciência humana que nos faz enxergar as diferenças e o que há em comum entre os homens ao longo da nossa marcha sobre a Terra.

Referência:
BLOCH, Marc. Introdução à História. 2ª edição. Tradução: Maria Manuel Miguel e Rui Grácio. Lisboa: Publicações Europa-América, 1974.





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